Liga Dos Campeões
História da Champions
A Taça dos Campeões Europeus começou em 1955 por ideia de um francês, o jornalista e editor do L'Equipe Gabriel Hanot que não tinha gostado de ver a imprensa inglesa considerar o Wolverhampton Wanderers campeões do mundo depois de baterem os húngaros do Honvéd num amigável.
Em Março de 1955, num congresso da UEFA, a proposta de Hanot foi aceite e no ano seguinte começava a competição - mesmo que sem a presença de ingleses -.
No ano seguinte, no Estádio Nacional em Lisboa, Sporting e Partizan de Belgrado jogavam o primeiro jogo de uma competição que faria história. O leão Martins apontou o primeiro golo da competição, num jogo que terminou empatado 3-3. Os leões acabariam por perder em Belgrado e foram eliminados da prova, e seriam os vizinhos ibéricos do Real Madrid a fazer história e a chegar à grande final em Paris onde bateram o Stade de Reims.
Real Madrid: cinco vezes seguidas Campeão da Europa
O Real continuou o sucesso de Paris vencendo as quatro edições seguintes, a última das quais com um assombroso 7-3 em Glasgow contra o Eintracht. Ao conquistar cinco taças em cinco anos, os espanhóis marcavam a história da competição para sempre, tomando uma vantagem que os outros só em sonhos podiam igualar.
Uns anos antes da quinta taça dos merengues o Manchester United tinha sido o primeiro clube inglês a participar na prova, em 1957, furando o bloqueio a que o futebol inglês tinha votado a competição. Um ano depois, em 1958, os busby babes - como eram conhecidos os jovens craques de Manchester - foram jogar a Belgrado um jogo dos quartos-de-final. No regresso, em Munique, um acidente aéreo vitimou oito jogadores da equipa, na primeira grande tragédia da história da competição.
Benfica torna-se o novo rei da Europa
Em 1961 o Barcelona foi a primeira equipa a eliminar o Real Madrid, chegando à final contra o Benfica com o estatuto de super favorito, mas os portugueses surpreenderam a Europa e venceram por 3-2, dando início à sua era dourada.
No ano seguinte com uma vitória por 5-3 sobre o Real Madrid, o Benfica deixou bem claro quem eram os novos reis da Europa.
Em Wembley, um ano depois, os benfiquistas marcaram primeiro pelo inevitável Eusébio, mas o AC Milan deu a volta ao resultado e deu à Itália a sua primeira Taça dos Campeões.
Italianos e espanhóis prologam domínio latino
Nos dois anos seguintes a Taça voltou a ir para a cidade de Milão, mas desta vez para o Inter, que ao bater sucessivamente o Real Madrid e o Benfica, demonstrou que era então a maior equipa da Europa.
Em 1966 o Real vingou-se e eliminou o Inter nas meias-finais, qualificando-se para a oitava final. Em Bruxelas, uma vitória por 2-1 sobre o Partizan de Belgrado coroou o Real novamente como Rei do continente.
Britânicos conquistam finalmente o troféu
Lisboa seria o palco da final seguinte. Os escoceses do Celtic bateram o Inter e tornaram-se na primeira equipa proveniente de um país não latino a vencer a competição.
Durou um ano o reinado dos escoceses, que foram sucedidos por outros britânicos, mas agora ingleses. O Manchester United de Dennis Law, George Best e Bobby Charlton venceu o Benfica de Eusébio por 4-1 e levantou a Taça em Wembley.
Cruijff e Beckenbauer
1969 marcou o início da ascensão de outro futebol do norte da Europa: o holandês, quando o Ajax chegou à final para perder com o AC Milan, eliminando o Benfica pelo caminho.
Se alguns pensavam que era o regresso do domínio latino, estavam completamente errados, porque em 1970 foi a vez do rival do Ajax, o Feyenoord, chegar ao jogo decisivo e finalmente conquistar a taça para os países baixos.
O Ajax de Cruijff e companhia reagiu à vitória dos rivais conquistando nos três anos seguintes, outras tantas taças. Panathinaikos, Inter e Juventus foram as vítimas.
Ao domínio do Ajax de Cruijff, sucedeu o Bayern de Beckenbauer. Durante três anos os bávaros venceram a taça, com uma geração que além do kaiser contava com craques como Sepp Maier, Gerd Müller, Uli Hoeneß e Paul Breitner.
Rule Britannia
Em 1977 em Roma quando o Liverpool venceu os alemães do Borussia Mönchengladbach por 3-1 uma nova página mudava na história da competição.
Liverpool em 1977 e 1978, Nottingham Forest em 1979 e 1980, Liverpool novamente em 1981 e Aston Villa em 1982 marcaram uma nova era na Taça dos Campeões. Nunca durante tanto tempo a Taça tinha sido ganha sempre pelo mesmo país. E como tal, foi com enorme surpresa que se assistiu à vitória do Hamburger SV na final de 1983 batendo a Juventus de Platini.
Em 1984, novamente em Roma, o Liverpool conquistava a sua quarta taça e no ano seguinte a Juventus batia os reds por 1-0.
O feito da Juventus, a primeira Taça para um país latino desde a vitória do Milan em 1969, ficou completamente ofuscada pela tragédia no Estádio de Heysel onde faleceram 39 adeptos italianos.
Como castigo os clubes ingleses ficaram cinco anos impedidos de jogar nas competições europeias e o Liverpool seis anos. Terminava assim o período de glória britânico.
Nova ordem europeia
Sem a presença de clubes ingleses a competição entrou numa fase atípica, com três estreantes a vencerem a competição de rajada: Steaua, FC Porto e PSV. Seguiram-se dois títulos do grande Milan de Gullit, Van Basten e Rijkaard.
No ano seguinte foi a vez de outra grande geração conquistar a prova. Boban, Pancev, Prosinecky conduziram o Estrela Vermelha de Belgrado à glória europeia, meses antes de se iniciar a guerra que iria dilacerar o país, os jugoslavos conquistavam o primeiro troféu para a Jugoslávia.
Wembley voltou a presenciar um momento histórico quando o dream team de Cruijff - agora como treinador - depois de encantar Espanha e a Europa, conquistar a Taça dos Campeões batendo na final a Sampdoria de Vialli com um golo do holandês Ronald Koeman. O Barça conquistava finalmente o troféu pondo fim à malapata de nunca ter ganho a Taça dos Campeões.
Os rivais madridistas argumentam contudo que o Barcelona nunca ganhou a Taça dos Campeões, porque em 1992 a competição tinha passado a chamar-se Liga dos Campeões.
Marseille, Milan, Ajax, Juventus e Dortmund conquistaram as seguintes edições, alternando todos os anos, o país do vencedor.
Ressurgimento blanco
O croata Suker foi o autor do golo que valeu a sétima Taça aos espanhóis do Real de Madrid, quebrando anos de jejum que já atormentavam os adeptos merengues.
O Real conquistaria três taças em cinco anos, com uma equipa que ficou conhecida como os galáticos onde se destacavam Zidane, Figo, Raúl, Ronaldo... fazendo lembrar os tempos auréos de Puskás, Di Stéfano e companhia.
Pelo meio, em 1999, o Manchester United venceu o Bayern em Barcelona por 2-1, dando a volta ao resultado no período de descontos, no final mais emocionante da história da competição.
O Milan conquistou a final batendo a Juventus no desempate pela marca de grandes penalidades em 2003, enquanto em 2004, Mourinho guiou o FC Porto à sua segunda «taça das orelhas».
Istambul assistiu a uma recuperação histórica do Liverpool que ao intervalo perdia 0-3 com o Milan e na segunda parte empatou o jogo que venceu no desempate através da marca de onze metros.
FC Barcelona, Manchester United e cidade de Milão
Dizer que desde 2006 a competição tem sido conquistada apenas por clubes de três cidades. Barcelona, Manchester e Milão, é uma forma de olhar para os resultados recentes da competição. Mas numa análise fria da história recente da prova, torna-se claro que Barcelona com três presenças na final em cinco anos e Manchester United com as mesmas três presenças em quatro anos, assumem um estatuto de primeiros entre iguais nesta competição.
As duas únicas excepções foram o Milan em 2007 - que eliminou o Manchester United na meia-final -, e o Inter de Mourinho no ano passado que eliminou o Barcelona também nas meias-finais.