O Rei Eusebio
O Rei Eusebio
Eusébio: a Pantera Negra
As origens no bairro da Mafala
Eusébio da Silva Ferreira nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital da então África Oriental Portuguesa, nome porque era conhecida a colónia portuguesa de Moçambique nos anos quarenta. Filho de Laurindo António da Silva Ferreira e de Elisa Anissabeni, cresceu no bairro da Mafala, uma das zonas mais pobres da cidade, repleta de barracas e sem rede de saneamento.
Desde muito cedo apaixonou-se pelo futebol, faltando regularmente às aulas para jogar com os amigos, o que lhe valia umas «surras bem dadas» pela Dona Elisa. Aos oito anos faleceu o pai, aprofundando ainda mais a forte ligação que já tinha com a mãe.
Mais tarde, em inúmeras entrevistas, destacou sempre a ligação especial que tinha com a Dona Elisa, personagem fundamental na sua educação, pelos valores que lhe incutiu, como a lealdade, que viriam a ser tão importantes na sua vida, e fundamentais para a rectidão e carácter que todos lhe reconhecem.
Pouco depois foi a vez de o Sporting entrar em contacto com a sua filial moçambicana, chegando a acordo para a transferência e propondo que Eusébio viesse para Lisboa para um período de testes.
A guerra Sporting x Benfica estoura nos jornais de Lisboa, e esgrimam-se argumentos em prol de ambos os lados.
Na época seguinte, a sua primeira no Benfica, Eusébio já fez parte da gloriosa vitória na final contra o Real Madrid por 5-3. Com dois golos, Eusébio foi a estrela da equipa e viu reconhecido o seu valor pela France Football que lhe atribuiu o segundo lugar da Bola d´Ouro.
Seria na qualificação para o Mundial de 1966 que Eusébio começaria a deixar a sua marca na selecção ao apontar sete golos em seis jogos.
Eusébio da Silva Ferreira nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, capital da então África Oriental Portuguesa, nome porque era conhecida a colónia portuguesa de Moçambique nos anos quarenta. Filho de Laurindo António da Silva Ferreira e de Elisa Anissabeni, cresceu no bairro da Mafala, uma das zonas mais pobres da cidade, repleta de barracas e sem rede de saneamento.
Desde muito cedo apaixonou-se pelo futebol, faltando regularmente às aulas para jogar com os amigos, o que lhe valia umas «surras bem dadas» pela Dona Elisa. Aos oito anos faleceu o pai, aprofundando ainda mais a forte ligação que já tinha com a mãe.
Os primeiros passos na carreira foram dados com a camisola verde-e-branca do Sporting de Lourenço Marques
Começou por jogar com vizinhos e amigos numa equipa do bairro conhecida como «Os Brasileiros». Mais tarde foi tentar a sorte ao clube do seu coração, o Desportivo, que prontamente o recusou.
e foi de leão ao peito que viria a conquistar os primeiros troféus da sua carreira
Eusébio não desarmou e tentou a sorte no Sporting de Lourenço Marques, filial dos leões de Lisboa, e foi de leão ao peito que viria a conquistar os primeiros troféus da sua carreira: Campeonato Distrital de Lourenço Marques e Campeonato Provincial de Moçambique.A disputa Sporting x Benfica
As suas exibições fizeram furor e rapidamente ecoaram na metrópole - como era conhecido Portugal Continental nesses tempos - e o FC Porto foi o primeiro clube a demonstrar interesse.
Pouco depois foi a vez de o Sporting entrar em contacto com a sua filial moçambicana, chegando a acordo para a transferência e propondo que Eusébio viesse para Lisboa para um período de testes.
Enquanto os leões negociavam com o clube, o Benfica ia directamente a Eusébio e à sua mãe. Prontamente a proposta das águias foi aceite e Dona Elisa prometeu que Eusébio ou jogava no Benfica, ou não jogava em lado nenhum. Os leões pressentindo o perigo oferecem quinhentos contos ao jogador, mas este resiste à tentação e mantém-se fiel à palavra dada pela mãe.
A força do seu pontapé era lendária, deixando siderados colegas e adversários. Na imagem: a final da Taça dos Campeões de 1963 contra o AC Milan em Wembley.
O Benfica, antecipando-se a qualquer jogada leonina faz voar Eusébio para Lisboa, para assim melhor controlar a situação.
Em 17 de Dezembro de 1960 embarcou rumo a Lisboa com o nome de Ruth Malosso.
Na Portela, Eusébio era esperado por um dirigente da turma da Luz e um jornalista do jornal «A Bola». Foi levado para o Algarve, e lá ficou até que a Federação deu razão ao Benfica.
Finalmente de águia ao peito
Estreou-se num jogo de reservas contra o Atlético e apontou três golos. Cinco dias depois Eusébio via a sua nova equipa vencer a Taça dos Campeões em Berna, batendo o Barcelona na final.
Na época seguinte, a sua primeira no Benfica, Eusébio já fez parte da gloriosa vitória na final contra o Real Madrid por 5-3. Com dois golos, Eusébio foi a estrela da equipa e viu reconhecido o seu valor pelo France Football que lhe atribuiu o segundo lugar da Bola d´Ouro.
A nível interno o Benfica só conseguiu o terceiro lugar, vencendo contudo a Taça, mas nos anos seguintes Eusébio conquistaria o Campeonato por onze vezes, em catorze épocas de águia ao peito.
A Juventus apaixona-se pela Pantera Negra e oferece-lhe um contrato de 16000 contos, a tentação era enorme, e Eusébio só não sai para Itália, porque entretanto é convocado para o serviço militar e fica proibido de abandonar o país.
Eusébio (esq.) e Lev Yashin (dir.) no Portugal x URSS de atribuição de 3º/4º lugar no mundial de 1966.
A nível interno o Benfica só conseguiu o terceiro lugar, vencendo contudo a Taça, mas nos anos seguintes Eusébio conquistaria o Campeonato por onze vezes, em catorze épocas de águia ao peito.
A Juventus enamora-se das qualidades da Pantera Negra e oferece-lhe um contrato de 16 mil contos. A tentação era enorme e Eusébio só não sai para Itália, porque entretanto é convocado para o serviço militar e fica proibido de abandonar o país.
Na selecção Eusébio estreara-se a 8 de Outubro de 1961 apontando um golo na humilhante derrota por 2-4 contra o Luxemburgo.
Seria na qualificação para o Mundial de 1966 que Eusébio começaria a deixar a sua marca na selecção ao apontar sete golos em seis jogos.
Mas seria na fase final, em Inglaterra, que com nove golos se torna o melhor marcador da fase final.
Mundial de 66
Na memória de todos ficaram os dois golos que marcou na vitória por 3-1 sobre o Brasil, ou os quatro golos apontados contra a Coreia do Norte nos quartos-de-final, sendo fundamental para a reviravolta no resultado para 5-3.
Na meia-final apontou um golo que foi insuficiente para contrariar os dois da Inglaterra. Portugal acabou por conquistar o terceiro lugar com mais um golo de Eusébio na vitória por 2-1 contra a U.R.S.S.
Os «magriços» - como ficaram conhecidos os heróis de 66 -, foram recebidos em festa no regresso a Lisboa e o Governo utilizou o feito e em particular a imagem de Eusébio em seu proveito.
Em tom de brincadeira, Salazar «nacionalizou» Eusébio, tornando virtualmente impossível a sua saída para o estrangeiro.
Em tom de brincadeira, Salazar «nacionalizou» Eusébio, tornando virtualmente impossível a sua saída para o estrangeiro.Uma carreira ímpar
Após o sucesso de Inglaterra recebeu a Bola d'Ouro da France Football para o melhor jogador a actuar no Continente.
Nos anos seguintes venceria também por duas vezes a bota de ouro destinada ao melhor marcador europeu.
Além do terceiro lugar em Inglaterra e de ter sido uma vez campeão europeu, Eusébio jogou ainda por três vezes a final da Taça dos Campeões, ganhou 11 campeonatos nacionais e cinco Taças de Portugal e ganhou sete vezes a bola de prata destinada ao melhor marcador do campeonato nacional.
Em toda a carreira apontou 733 golos em 745 jogos, além de ter atingido 64 internacionalizações e marcado 41 golos com a camisola das quinas.
Depois da Revolução de Abril Eusébio pôde finalmente sair do país e em 1975 partiu a explorar o mercado norte-americano, tendo jogado nos EUA, Canadá e México.
Regressou a Portugal mais tarde para jogar pelo Beira-Mar e União de Tomar mas as muitas lesões e inúmeras operações tinham feito miséria no seu massacrado joelho.
Depois de terminar a carreira Eusébio viu reconhecido o seu talento pelo seu adorado Benfica, que o homenageou com uma estátua em frente ao Estádio da Luz. A selecção nomeou-o embaixador itinerante e a UEFA, aquando do jubileu da instituição, considerou-o melhor jogador português de todos os tempos. Já uns anos antes a FIFA havia considerado o Pantera Negra o sétimo melhor jogador de sempre.
Eusébio da Silva Ferreira conseguiu enquanto jogador e depois de terminar a carreira um estatuto único neste país. Símbolo incontestado do Benfica, é respeitado e acarinhado pelos rivais de igual forma. E é tido como seu, tanto por portugueses como por moçambicanos. Muito disto se deve não só à sua categoria e genialidade dentro do campo, mas também à sua enorme simpatia e à forma de estar, tanto apreciada por colegas como adversários.